Crer é também pensar.
Eclesiastes 1:1-13
Salomão escreveu três livros em três momentos de sua vida que refletem o seu estado de espírito:
Quando era jovem e estava apaixonado, escreveu os poemas de amor no Cântico dos Cânticos ou Cantares de Salomão.
Na maturidade e preocupado em ganhar a vida, escreveu a sabedoria prática do livros dos Provérbios.
Na velhice, depois de amar, adquirir e reinar ele escreve o Eclesiastes.
Eclesiastes um hebraico é Qohélet, é assembléia, é o cara que reúne uma turma para conversar sobre questões pertinentes do dia a dia. E a tradição judaica diz que quando os sábios se reuniram para estabelecer o Cânon para decidir quais dos livros deveriam fazer parte da bíblia e quais deveriam ficar fora, houve uma violenta discussão em torno do Eclesiastes, porque eles consideravam um livro de grande ameaça à fé.
Parece uma obra de um homem revoltado, cínico e cético que duvida de Deus e questiona o valor de se fazer o bem:
“Para que o homem deve trabalhar? Uma geração passa e é sucedida pela outra por outra e tudo é a mesma coisa? O homem não é superior aos animais, pois ambos nada significam. Como morre um, morre o outro e ambos têm o mesmo destino. O bom morre com sua bondade e o mal sobrevive com sua maldade.”
Quem fala assim na Bíblia? Em metade das paginas da bíblia você vê que Deus se ama e se importa com cada detalhe de nossa vida, com o que comemos. E de repente vem Salomão e diz que o rico o pobre, o sábio, o tolo, o puro e o pecador são todos a mesma coisa, vivam de qualquer jeito porque vocês vão morrer e logo são esquecidos.
Ele nos conta a historia de sua vida, escreve seus sucessos e frustrações, e deixa claro o desejo pessoal de entender qual é a longo prazo a razão disso aqui. Os estudiosos dizem que é o livro mais pessoal da bíblia. Os profetas e outros autores bíblicos nos contam as vezes suas vidas, conquistas e experiências. Mas ninguém divide conosco seus mais profundos temores e frustrações como faz o Eclesiantes.
O Augusto Cury escreveu algo que gosto muito: “Bons pais preparam os filhos para o sucesso, pais excelentes preparam os filhos para o fracasso”.
Esse pensamento me responde as indagações do pregador, ele esta avisando: “a vida é dura, injusta se prepara, não se iluda”.
Mas minha percepção pra esse primeiro contato e o que quero que fique em seu coração é que Salomão nos convida a pensar. Mas pensar custa caro, pensar dói e ao contrario do que dizem, crer é também pensar.
O rabino Harold Kushner diz que: “o que nos torna diferentes dos animais é que fomos amaldiçoados com a capacidade de perguntar: O que significa a vida?”.
Você nunca viu cachorro cometendo suicídio.
Eu gosto muito desse livro porque ele é pé no chão. Ele analisa os fatos que acontecem debaixo do sol. É a vida nua e crua. No Eclesiastes o coração é entendimento e não emoção.
Quando ele diz “vaidade das vaidades” ou “correr atrás do vento” esta se referindo a coisas que não tem sentido ou a coisas que ele não conseguiu ver sentido. Tem um porque, uma razão mas se eu não consigo entender esse porque então não tem sentido, é correr atrás do vento.
Seria bom se as pessoas pensassem antes de assassinar, estuprar, mentir, trair. Mas seria bom também se as pessoas pensassem bem antes de namorar, casar, fazer faculdade. Mas seria muito bom também se as pessoas pesassem bem antes de orar, pregar, subir a escadaria do senhor do Bonfim, dar oferta, ir atrás de dente de ouro, unção da risada.
Seria bom, mas pensar dói, mais fácil é viver apegados a frases prontas e chavões. É mais fácil se apegar a uma outra verdade do que construir a sua, é mais fácil deixar a vida passar apegado a paradigmas que não servem mais para hoje mas você vive fingindo que esta bom.
É duro pensar, porque talvez você tenha que rever sua maneira de viver e de se relacionar com Deus, é duro pensar porque talvez você tenha que refazer os seus projetos de vida. É difícil porque talvez você tenha que romper com alguns tradicionalismos familiares.
O oposto da fé não é a duvida, é o medo.
Tem gente que tem medo de pensar porque tem medo de mudar e nós precisamos romper esse temor que existe em nós e abrir a vida para a possibilidade de mudanças.
Você tem perguntas? Quais são?
(VILLY CAMARGO FOMIM)
