quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

COMO VAI SER 2012? - Augustus Nicodemus Lopes

Como Vai Ser 2012?


Quando olho o atual cenário da igreja evangélica brasileira – estou usando o termo “evangélica” de maneira ampla – confesso que me sinto incapaz de prever o que vem pela frente. Há muitas e diferentes forças em operação em nosso meio hoje, boa parte delas conflitantes e opostas. Olho para frente e não consigo perceber um padrão, uma indicação que seja, do futuro da igreja.

Há, em primeiro lugar, o crescimento das seitas neopentecostais. Embora estatísticas recentes tenham apontado para uma queda na membresia de seitas como a Universal do Reino do Deus, outras estão surgindo no lugar, como na lenda grega da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que se regeneravam quando cortadas. A enorme quantidade de adeptos destes movimentos que pregam prosperidade, cura, libertação e solução imediata para os problemas pessoais acaba moldando a imagem pública dos evangélicos e a percepção que o restante do Brasil tem de nós. Na África do Sul conheci uma seita que mistura pontos da fé cristã com pontos das religiões africanas, um sincretismo que acaba por tornar irreconhecível qualquer traço de cristianismo restante. Temo que a continuar o crescimento das seitas neopentecostais e seus desvios cada vez maiores do cristianismo histórico, poderemos ter uma nova religião sincrética no Brasil, uma seita que mistura traços de cristianismo com elementos de religiões afro-brasileiras, teologia da prosperidade e batalha espiritual em pouquíssimo tempo.

Depois há o movimento “gospel”, que recentemente mostrou sua popularidade ao ter o festival “Promessas” veiculado pela emissora de maior audiência do país. Não me preocupa tanto o fato de que a Rede Globo exibiu o show, mas a mensagem que foi passada ali. A teologia gospel confunde “adoração” com pregação, exalta o louvor como o principal elemento do culto público, anuncia um evangelho que não chama pecadores e crentes ao arrependimento e mudança de vida, que promete vitórias mediante o louvor e a declaração de frases de efeito e que ignora boa parte do que a Bíblia ensina sobre humildade, modéstia, sobriedade e separação do mundo. Para muitos jovens, os shows gospel viraram a única forma de culto que conhecem, com pouca Bíblia e quase nenhum discipulado. O impacto negativo da superficialidade deste movimento se fará sentir nesta próxima geração, especialmente na incapacidade de impedir a entrada de falsos ensinamentos e doutrinas erradas.

Em Brasília, temos os deputados e senadores evangélicos que, gostemos ou não, têm conseguido retardar e mesmo impedir as tentativas de grupos ativistas LGTB de impor leis como o famigerado PL 122. O lado preocupante é que eles “representam” os evangélicos nestes assuntos e acabam, por associação, nos representando de maneira generalizada diante do grande público e da grande mídia. Por um lado, lamento que foram líderes de seitas neopentecostais e pastores de teologia e práticas duvidosas, em sua maioria, que conseguiram alcançar uma posição de destaque a ponto de serem ouvidos em Brasília. Esta é uma posição que deveria ter sido ocupada pelos reformados, como aconteceu em outros países. Mas, falhamos. E a bem da justiça, não posso deixar de reconhecer que Deus usa quem Ele quer para refrear, ainda que por algum tempo, a rápida deterioração da nossa sociedade. O que isto representará no futuro, é incerto.

Notemos ainda o rápido crescimento do calvinismo, não nas igrejas históricas, mas fora delas, no meio pentecostal. Não são poucos os pentecostais que têm descoberto a teologia reformada – particularmente as doutrinas da graça, os cinco slogans (“solas”) e os chamados cinco pontos do calvinismo. Boa parte destes tem tentado preservar algumas idéias e práticas características do pentecostalismo, como a contemporaneidade dos dons de línguas, profecia e milagres e um culto mais informal, além de uma escatologia dispensacionalista. Outros têm entendido – corretamente – que a teologia reformada inevitavelmente cobra pedágio também nestas áreas e já passaram para a reforma completa. Mas o tipo de movimento, igrejas ou denominações resultantes desta surpreendente integração ainda não é previsível. O que existe de mais próximo é o movimento neocalvinista, mas este é por demais vinculado à cultura americana para ser reproduzido com sucesso aqui, sem adaptações. Estou curioso para ver o que vai dar este cruzamento de soteriologia calvinista com pneumatologia pentecostal.

O impacto das mídias sociais também não pode ser ignorado. E há também o número crescente de desigrejados, que aumenta na mesma proporção da apropriação das mídias sociais pelos evangélicos. Com a possibilidade de se ouvir sermões, fazer estudos e cursos de teologia online, além de bate-papo e discipulado pela internet, aumenta o número de pessoas que se dizem evangélicas mas que não se congregam em uma igreja local. São cristãos virtuais que “freqüentam” igrejas virtuais e têm comunhão virtual com pessoas que nunca realmente chegam a conhecer. Admito o benefício da tecnologia em favor do Reino. Eu mesmo sou professor a quinze anos de um curso de teologia online e sei a benção que pode ser. Mas, não há substituto para a igreja local, para a comunhão real com os santos, para a celebração da Ceia e do batismo, para a oração conjunta, para a leitura em uníssono das Escrituras e para a recitação em conjunto da oração do Pai Nosso, dos Dez Mandamentos. Isto não dá para fazer pela internet. Uma igreja virtual composta de desigrejados não será forte o suficiente em tempos de perseguição.

Eu poderia ainda mencionar a influência do liberalismo teológico, que tem aberto picadas nas igrejas históricas e pentecostais e a falta de maior rapidez e eficiência das igrejas históricas em retomar o crescimento numérico, aproveitando o momento extremamente oportuno no país. Afinal, o cristianismo tem experimentado um crescimento fenomenal no chamado Sul Global, do qual o Brasil faz parte.

Algumas coisas me ocorrem diante deste quadro, quando tento organizar minha cabeça e entender o que se passa.

1 – Historicamente, as igrejas cristãs em todos os lugares aqui neste mundo atravessaram períodos de grande confusão, aridez e decadência espiritual. Depois, ergueram-se e experimentaram períodos de grande efervescência e eficácia espiritual, chegando a mudar países. Pode ser que estejamos a caminho do fundo do poço, mas não perderemos a esperança. A promessa de Jesus quanto à Sua Igreja (Mateus 16:18) e a história dos avivamentos espirituais nos dão confiança.

2 – Apesar de toda a mistura de erro e verdade que testemunhamos na sincretização cada vez maior das igrejas, é inegável que Deus tem agido salvadoramente e não são poucos os que têm sido chamados das trevas para a luz, regenerados e justificados mediante a fé em Cristo Jesus, apesar das ênfases erradas, das distorções doutrinárias e da negligência das grandes doutrinas da graça. Ainda assim, parece que o Espírito Santo se compraz em usar o mínimo de verdade que encontra, mesmo em igrejas com pouca luz, na salvação dos eleitos. Não digo isto para justificar o erro. É apenas uma constatação da misericórdia de Deus e da nossa corrupção. Se a salvação fosse pela precisão doutrinária em todos os pontos da teologia cristã, nenhum de nós seria salvo.

3 –  Deus sempre surpreende o Seu povo. É totalmente impossível antecipar as guinadas na história da Igreja. Muito menos, fazer com que aconteçam. Há fatores em operação que estão muito acima dos poderes humanos. Resta-nos ser fiéis à Palavra de Deus, pregar o Evangelho completo – expositivamente, de preferência – viver uma vida reta e santa, usar de todos os recursos lícitos para propagar o Reino e plantar igrejas bíblicas e orar para que nosso Deus em 2012 seja misericordioso com os seus eleitos, com a Sua igreja, com aqueles que Ele predestinou antes da fundação do mundo e soberanamente chamou pela Sua graça, pela pregação do Evangelho


IGREJAS E ORGANIZAÇÕES EVANGÉLICAS DE 2011 - SEMEAR

Agradecemos às igrejas e organizações cristãs que nos receberam neste ano de 2011. Aqui são elas: Ipb Araraquara III, IPB de Votuporanga (SP), PIB de Bebedouro (SP), IPA de Novo Horizonte (SP), SEBI Araraquara (SP), III IPB de Itajubá (MG), IPB Central de Barretos (SP), IBBH de Nova Odessa (SP), OPV Lapa (PR), IPB de Jaboticabal (SP), AD de Américo Brasiliense (SP), IPB de Americana (SP), IPB Filadélfia de Araraquara (SP), PIB de Bady Bassit (SP), Casa de Oração - Jd. Botucatu - São Paulo (SP) e IPB de Matão (SP). Deus continue a abençoa-las ricamente como agências vivas do Reino de Cristo aqui neste mundo. Feliz 2012...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CARTA DE GRATIDÃO EM 2011 - Luciana Rueda Souza Sborowsi

Araraquara, dezembro de 2011.

“...Não to mandei eu??? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares” (JOSUÉ 1.9)
Sempre que o 12º mês chega... traz uma necessidade de reflexão sobre tudo que ocorreu nos meses anteriores. E não poderia ser diferente: Quantas bênçãos pudemos desfrutar neste ano!!!
Semana passada, no sábado (10/12), a reunião do Presbitério (região de Araraquara) foi na nossa Igreja local. O Douglas fez o seu “sermão de prova” baseado em Josué, e como resultado, após as críticas... ele é um PASTOR LICENCIADO.
Muitas possibilidades de trabalho surgiram para nós e em 2012 devemos continuar trabalhando na Igreja Presbiteriana em Araraquara. O Douglas, desenvolvendo o Ministério junto aos JOVENS – que já vem realizando – além do Aconselhamento Bíblico que tem sido uma área de atuação bastante intensa durante a semana toda.
Novamente agradecemos a Deus pelo cuidado que sempre nos proporcionou, bem como os livramentos nas estradas. Em nossa última saída do ano, quando o “sermão de prova” já estava pronto e sendo compartilhado (entre Douglas e eu), rumo ao trabalho na Casa de Oração (São Paulo), tivemos um problema com a “partida” do carro, sendo necessário o carro voltar, guinchado para Araraquara, antes de nós. No dia anterior, enquanto o Conselho estava reunido – na Igreja – roubaram o celular e a carteira do Douglas. Havia apenas R$10,00, mas todos os cartões (vale alimentação, UNIMED, Ipiranga...) também estavam. Causou um certo incômodo, mas já está quase tudo resolvido. Cremos que foi uma prova real para verificar se o conteúdo do “sermão” poderia ser vivido na prática da nossa vida. E como sempre, vale a pena crer nesse Deus, que é o mesmo de Josué!!!!
Os pontos ressaltados foram:
  1. DEUS É QUEM NOS DÁ A VITÓRIA;
  2. DEUS É FIEL;
  3. DEUS É PESSOAL, manifestando-se individualmente a nós.
Eu continuo como regente do Ministério do Coral, que, pela graça de Deus, tem sido muito abençoado! Estamos finalizando o ano com a Cantata “Uma Oração no Natal”, além de termos feito o Musical “Experiência com Deus” e “ Vivo Está”. Sinto o trabalhar de Deus nessas pessoas e oro para que sejam transformadas dia a dia para continuar sendo canal de benção! Sugiro acessar no youtube “Coral Igreja Presbiteriana Araraquara” e o nome da Cantata.
O Pedro completará 15 anos em 06/fevereiro. Esta semana foi a Formatura dele (9º ano) e deverá continuar na mesma escola (COC), pois prestou uma prova para Bolsa de estudos e foi um bom desconto!! Está jogando vôlei pela FUNDESPOTE (da nossa cidade) e calçando nº 45...Isso mesmo! Está bem “fácil” achar tênis!!!
André fará 6 anos em 27/janeiro. Também, se formou (Ensino Infantil) e deverá iniciar o 1ª ano. Também começou a cantar no Coral Kids na nossa igreja local. Ele está lendo bem e “cuida” bastante da nossa pequena...
Lia! Ela está com 2anos e 6 meses. Faz muitas coisas (artes) que os meninos NUNCA fizeram!! Além das artes, inclusive artes plásticas... adora um batom...ou gloss! É uma delícia ouvi-la cantar...e fazer “Papai do céu”. Tem sido uma prova de resistência física...( ela não pára!!!!!) e nos faz voltar ao desafio constante de “pastorear o coração”...
Agora estamos novamente frente ao desafio de iniciar mais um ano. Temos alguns objetivos (e necessidades), tais como:
  • Trocar a cama do Pedro...que vai para o André... que vai para a Lia...
  • Comprar os materiais escolares (dos 3!!!)
  • Cuidar da nossa saúde. Graças a Deus, este ano fiz uma cirurgia (precisei retirar um ovário), mas está tudo bem!!!
  • Lutar para obedecer, de forma CORAJOSA, o propósito de Deus para nós!
O Pastor Ezequiel (IPA) solicitou que fiquemos mais finais de semana aqui, ou seja, nossas “saídas” atendendo os convites para preleção em outras cidades serão bem restritos, pois entendemos ser necessário mais TEMPO junto com os jovens.
Orem sempre por nós, de verdade!!
Nossa oração é para que Deus dê FORÇA  e CORAGEM, como foi com Josué, para que sua vida – e de sua família – continuem sendo bênção pras nossas vidas, e de nossa família!!
Obrigada pelo apoio de sempre, seja em oração, telefonemas ou e-mails carinhosos, ofertas, enfim. Deus conhece nossos corações e sabe da nossa imensa gratidão.
CORAGEM PARA 2012!!!!
Lu.

FAMÍLIA SBOROWSKI (Douglas, Luciana, Pedro, André e Lia)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

QUEM JESUS FOI REALMENTE? - Augustus Nicodemos Lopes

Quem Jesus foi realmente?

Augustus Lopes

Nem todos os que hoje se consideram cristãos aceitam que Jesus, foi e fez o que os Evangelhos nos dizem. Em 1994 uma pesquisa. revelou que 87% dos americanos acreditavam que Jesus ressuscitou literalmente dos mortos. Três anos depois, a pesquisa descobriu que 30% dos americanos que se consideram verdadeiros cristãos não aceitavam que a ressurreição de Jesus tenha sido algo físico e literal, mas sim uma série de experiências psíquicas dos seus discípulos, que de alguma forma os transformou completamente.

O Jesus sobrenatural

Durante séculos o relato dos Evangelhos acerca de Jesus vem sendo aceito pela Igreja cristã em geral como sendo fidedigno, isto é, correspondendo com exatidão aos fatos que realmente ocorreram no início do primeiro século, e que formam, a base histórica do cristianismo. Baseando-se nesse relato, o cristianismo vem ensinando, desde o seu surgimento, que Jesus é o verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que nasceu de uma virgem, que realizou milagres e que ressuscitou fisicamente de entre os mortos. A teologia cristã nunca teve dificuldade séria em admitir a atuação miraculosa de Deus na história, e sempre encarou a mensagem da Igreja apostólica registrada no Novo Testamento (como as cartas de Paulo e os Evangelhos) como sendo o registro acurado dos eventos sobrenaturais que se sucederam na vida de Jesus de Nazaré. Os Concílios cristãos que elaboraram dogmas a respeito da pessoa de Jesus (Nicéia, 325; Constantinopla, 381; Calcedônia, 451), não o fizeram como meras idéias divorciadas da história e de fatos concretos. Para eles, a Segunda Pessoa da Trindade encarnou, viveu, atuou, morreu e ressuscitou dentro da história real.

O Jesus racional

A situação mudou, com o surgimento do Iluminismo no início do século XVIII. A razão humana foi endeusada como capaz de explicar todas as dimensões do universo e da existência do homem. Tudo que não pudesse ser aceito pela razão deveria ser rejeitado. Houve uma “desmistificação” de todos os aspectos da vida e do pensamento. A própria Igreja se viu invadida pelo racionalismo. Muitos estudiosos cristãos se tornaram racionalistas em alguma medida. Como resultado, em muitas universidades e seminários chego-se à conclusão de que milagres realmente não acontecem. Os relatos dos Evangelhos acerca da divindade de Jesus e de sua atividade sobrenatural passaram a ser desacreditados. Era preciso pesquisar para encontrar o verdadeiro Jesus, já que aquele pintado nos Evangelhos nunca poderia ter realmente existido. E assim teve, inicio a “busca do Jesus histórico”, levada a efeito por professores e eruditos de universidades e seminários cristãos que achavam irracional o Jesus sobrenatural dos Evangelhos.

Eles afirmaram que para reconstruir o verdadeiro Jesus era necessário abandonar os antigos dogmas da Igreja cerca da inspiração e infalibilidade das Escrituras, bem como sobre a divindade de Jesus Cristo. Era preciso usar o critério da razão para separar nos relatos bíblicos a verdade da fantasia, Para isso, desenvolveram vários métodos que analisavam os Evangelhos como qualquer outro livro antigo de religião, procurando descobrir como as idéias fantasiosas acerca de Jesus se originaram nas igrejas cristãs primitivas. Pensavam (ingenuamente) que seria possível examinar a história de forma isenta de preconceitos ou pressuposições. Acreditavam. que o historiador era tão inocente quanto um eunuco. Entretanto, quando os resultados apareceram, verificou-se que o Jesus reconstruído por eles tinha a “cara” de seus criadores.

No século XVII alguns desses estudiosos publicaram obras asseverando que os escritores bíblicos eram impostores fraudulentos; estes estudiosos ofereceram suas próprias reconstruções do verdadeiro Jesus de uma perspectiva totalmente humanística. Segundo alguns deles, Jesus fora um judeu que se considerava como o messias de Israel, e que tentara estabelecer um reino terreno e libertar os judeus da opressão política. Ele pensava que Deus o ajudaria nisto, mas desapontou-se ao ser preso e crucificado (“Deus meu, Deus meu, por desamparastes ... ?”). Os discípulos, disseram estes estudiosos, a principio ficaram atônitos com o fracasso de Jesus; mas depois roubaram seu corpo e substituíram a idéia de um reino messiânico terreno pela idéia de uma “segunda vinda”. Também inventaram os relatos dos milagres tendo como base os milagres do Antigo Testamento, quando Jesus, na verdade não havia feito milagre algum. O propósito dos discípulos com esse embuste, afirma os racionalistas, fora ter um meio de vida, pois não queriam voltar a trabalhar. Obras desse tipo hoje estão desacreditadas e mesmo estudiosos críticos as consideram como amadorísticas e superficiais. Entretanto, elas deram o impulso inicial à busca do Jesus da história, que para seus empreendedores, não era o mesmo Cristo da fé da Igreja.

No século XVIII apareceram muitas “vidas de Jesus”, que eram tentativas de reconstrução novelística do que teria sido a verdadeira vida de Jesus de Nazaré. Nelas, Jesus foi geralmente considerado como um reformador social, um visionário, que pretendia construir uma sociedade melhor através de uma religião associada à razão. Os milagres dos Evangelhos foram explicados apelando-se para causas naturais. As explicações para o surgimento da crença dos discípulos na ressurreição são por vezes curiosas. A mais freqüente é a de que Jesus não havia morrido realmente, mas entrado em coma. Algumas são criativas: uma delas sugere que após a morte de Jesus, um terremoto sacudiu o local onde estava o túmulo de José de Arimatéia, dando a impressão de que o corpo morto de Jesus se movia com vida. Isso explicaria o surgimento da crença na ressurreição de Jesus. Outras, relacionadas às curas, dizem que Jesus nunca curou sem usar remédios. O vinho de Caná havia sido trazido pelo próprio Jesus. Para outros, algumas vezes Jesus atuava no sistema nervoso das pessoas através de seu poder espiritual. Milagres sobre a natureza foram, na verdade, ilusões que os discípulos tiveram acerca de Jesus, como por exemplo, o andar sobre as águas. Os discípulos, afirmam os estudiosos liberais, imaginaram coisas como a transfiguração, entre outras. As ressurreições de mortos foram, na verdade, casos em que pessoas não estavam mortas de fato, mas apenas em estado de coma.

O Jesus liberal

Com a queda do racionalismo e o surgimento do existencialismo, alguns estudiosos procuraram entender Jesus à luz da experiência religiosa. Jesus passou a ser visto como um homem cujo sentido de dependência de Deus havia alcançado a plenitude. Esse conceito serviu de base para o desenvolvimento do seu retrato pintado pelos liberais, em que Ele era simplesmente um homem divinamente inspirado.

No século passado, os estudiosos, em busca do Jesus histórico, começaram a aceitar a idéia do “mito”, ou seja, a idéia de que os Evangelhos são relatos mitológicos sobre Cristo, lendas piedosas criadas cm torno da figura histórica de Jesus pelos seus discípulos. Assim, firmou-se a idéia de que Jesus não ressuscitou fisicamente. A ressurreição, na verdade, era a crença dos discípulos na presença espiritual de Jesus.

A essa altura, os próprios estudiosos perceberam que a “busca” não os estava levando a lugar algum. Era fácil destruir o Cristo dos Evangelhos, mas eles não conseguiam reconstruir um Jesus histórico que os satisfizesse. As vidas de Jesus reconstruídas pelos pesquisadores diziam mais acerca dos autores do que da pessoa que eles tentavam descrever. Os autores olharam no poço profundo da história em busca de Jesus, e o que viram foi seu próprio reflexo no fundo do poço. Também perceberam que haviam esquecido ou minimizado um importante aspecto da vida e do ensino de Jesus, que foi o escatológico-apocalíptico, proclamando o aspecto ainda futuro do reino de Deus. Essa conscientização desfechou um golpe fatal na concepção liberal de um reino de Deus que se confundia com uma sociedade ética no mundo presente, ou numa experiência espiritual interior, que dominava na época.

Além disso, o estudo crítico dos Evangelhos começou a afirmar que eles (os Evangelhos) não eram biografias no sentido moderno, mas apresentações de Jesus altamente elaboradas e adaptadas por diferentes alas da comunidade cristã nascente. Portanto, era impossível, achar o verdadeiro Jesus, pois ficara soterrado debaixo da maquiagem imposta pela Igreja primitiva. Como conseqüência, alguns começaram a insistir que o centro da fé para a Igreja não era o Jesus da história, mas o Cristo da fé, criado pela igreja nascente. Portanto, a busca estava baseada num erro (que o Jesus histórico era importante) e era teologicamente sem valor. O único Jesus em que os estudiosos deveriam se interessar era o Cristo da fé da igreja, pois foi o único que influenciou a história. Alguns, assim, se tornaram absolutamente cépticos quanto à possibilidade de se recuperar o Jesus histórico.

Tentando “salvar” a busca, esses estudiosos acabaram por piorar a situação. Quando separamos a fé dos fatos históricos, o Cristianismo, despido do seu caráter histórico, e dos fatos que lhe servem de fundamento, torna-se uma filosofia de vida. Uma fé que se apoia num Cristo que não tem nenhum ancoramento histórico toma-se gnosticismo ou docetismo.

Assim, os Evangelhos e o retrato de Jesus que eles nos trazem, passaram a ser vistos como uma elaboração mitológica produzida pela fé da Igreja. Segundo seus defensores, foi a imaginação da comunidade que criou as histórias dos milagres e muitos dos ditos de Jesus.

Apesar das diversas tentativas de reconstrução, ao fim chegava-se a um Jesus cuja existência era não apenas implausível, como impossível de ser provada. O Jesus liberal, desprovido do sobrenatural e da divindade, foi uma criação da obstinação liberal, que se recusava a receber como autêntico o relato dos Evangelhos sobre Jesus. A falta de comprovação histórica e documentária quanto ao Jesus liberal acabou por dar fim à “busca”.

O Jesus do liberalismo pouco se parecia com o Jesus da concepção histórica da Igreja de Jesus Cristo, como sendo tanto humano quanto divino, as duas naturezas unidas organicamente numa mesma pessoa. O racionalismo eliminou a natureza divina de Cristo e a considerou como produto da Igreja, dissociada do Jesus da história. Jesus era apenas o grande exemplo, e a religião que Ele ensinou era simplesmente um moralismo ético e social.

O Jesus liberal fracassou cm todos os sentidos! Ele acabou fundando uma nova religião, mesmo sem querer. Acabou sendo “endeusado” pelos seus discípulos, contra a sua vontade. O seu ensino social e ético de um reino de Deus meramente humano acabou sendo sobrepujado pelo ensino de um reino de Deus sobrenatural, presente e ainda por vir. E sua verdadeira identidade se perdeu logo nos primeiros séculos, para ser “redescoberta” apenas depois de 2.000 anos de ilusões. Que ironia!

O Jesus libertador

Mas a tentativa dos estudiosos que não criam nos relatos miraculosos dos Evangelhos não parou com o fracasso. Em meados da década de 50, outros estudiosos, igualmente céticos, acharam que poderiam acertar onde os antigos liberais falharam, desde que não fossem tão radicais em seu ceticismo quanto aos relatos dos Evangelhos. Alguns discípulos dos teólogos liberais afirmaram que, apesar dos muitos erros nos Evangelhos, havia neles elementos históricos suficientes para se tentar chegar ao Jesus que realmente existiu. Um deles chegou mesmo a questionar: “se a Igreja primitiva era tão desinteressada na história de Jesus, por que os quatro Evangelhos foram escritos?” Os que escreveram os Evangelhos acreditavam seguramente que o Cristo que eles pregavam não era diferente do Jesus terreno, histórico.

Mas, ao fim, esses pesquisadores da “nova busca” pensavam de forma muito semelhante à dos seus antecessores: o Jesus que temos nos Evangelhos não corresponde ao Jesus que viveu em Nazaré há 2.000 anos, o qual pode ser recuperado pelo uso da crítica histórica. Uma coisa todos estes pesquisadores, antigos e novos, tinham em comum: não criam na divindade plena de Jesus, na sua ressurreição nem nos milagres narrados nos Evangelhos. Para eles, tudo isso havia sido criado pela Igreja. Além disso, eram todos comprometidos com a filosofia existencialista em sua interpretação dos Evangelhos. Os resultados da pesquisa feita individualmente por eles, porém, eram tão divergentes, que a “nova busca” acabou desacreditada em meados da década de 70.

Mas o ceticismo destes estudiosos não deixou a coisa parar por aí. Faz poucos anos, um grupo de 75 estudiosos de diversas orientações religiosas reuniu-se nos Estados Unidos para fundar o “Simpósio de Jesus” (The Jesus Seminar), que os reúne regularmente duas vezes ao ano para levar adiante a “busca pelo verdadeiro Jesus”. Suas idéias básicas são fundamentalmente as mesmas dos que empreenderam a “busca” antes deles, ou seja, que o retrato de Jesus que temos nos Evangelhos é uma caricatura altamente produzida, resultado da imaginação criativa da Igreja primitiva. A novidade é que agora incluíram material extrabíblico em suas pesquisas, como o evangelho apócrifo de Tomé, o suposto documento “Q” contendo ditos antigos de Jesus e os Manuscritos do Mar Morto.

A conclusão do simpósio é que somente 18% dos ditos dos Evangelhos atribuídos a Jesus foram realmente pronunciados por Ele. O simpósio, trouxe a público esse resultado de suas pesquisas bastante cépticas quanto á confiabilidade dos Evangelhos, causando grande sensação e furor nos Estados Unidos e na Europa, e reacendendo, em certa medida, o interesse pelo Jesus histórico. E mais uma vez a polêmica acerca de Jesus foi reacendida, desta feita ganhando até a capa de revistas internacionais como Time, Newsweek e U.S. News & World Report, e do Brasil, como Veja e Isto É. Ao final, o Jesus do simpósio é uma mistura de sábio tímido, modesto demais para falar de si mesmo ou de sua missão neste mundo. A pergunta é: como uma pessoa assim conseguiu ganhar o ódio dos judeus e acabar sendo crucificada, um fato que até os antigos liberais radicais reconhecem como histórico?

Várias outras tentativas têm sido feitas cm tempos recentes para se descobrir o Jesus que realmente existiu por detrás daquele que é representado nos textos dos Evangelhos. Ele tem sido retratado diferentemente como profeta e libertador social, simpatizante dos Zelotes e de suas idéias libertárias, reformador social por meio pacíficos e espirituais, pregador itinerante carismático e radical, instigador de um movimento, de reforma, libertador dos pobres, “homem, do Espírito”, que tinha visões e revelações e uma profunda intimidade com Deus, de quem recebia poder para curar, fazer milagres e expelir demônios. Um hasid, homem santo da Galiléia, um judeu piedoso, uma figura carismática, um operador de milagres, movendo-se fora do ambiente oficial e tradicional do judaísmo, um exorcista poderoso e bem sucedido - o catálogo é interminável. Mas todas essas tentativas têm uma coisa em comum: para seus autores, o Jesus pintado pelos Evangelhos é o produto da imaginação criativa e piedosa, da fé dos discípulos de Jesus. Os defensores destas idéias partem do conceito de que a Bíblia nos oferece um quadro distorcido do verdadeiro Jesus.

De volta ao Jesus sobrenatural

Entretanto, é preciso mais do que teorias, como estas que acabei de expor, para tornar convincente a tese de que a comunidade cristã inventou tanto material sobre Cristo, e que ela mesma acabou crendo em sua mentira. É quase inconcebível que uma comunidade tenha criado material histórico para dar sustentação histórica à sua fé. Uma comunidade que dá tal importância aos fatos históricos, não os criaria! Além do mais, essas teorias não levam em conta o fato de que os eventos e ditos de Jesus foram testemunhados por pessoas que estiveram com Ele, e que essas testemunhas oculares certamente teriam exercido uma influência conservadora na imaginação criativa da Igreja. Também ignoram o fato de que os líderes iniciais da comunidade os apóstolos, estiveram com Jesus e muito perto dos fatos históricos para dar asas à livre imaginação. Também deixa sem explicação o alto grau de unanimidade que existe entre os Evangelhos. Se cada Evangelho é o produto da imaginação criativa da igreja, como explicar diferenças entre eles? E se é o produto de comunidades isoladas, como explicar as semelhanças? Essas teorias são especulações e nada podem nos dar de evidência concreta. Portanto, continuamos a crer nas evidências internas e externas de que os Evangelhos dão testemunho confiável do Jesus histórico, que é o mesmo Cristo da fé. Entretanto, o ceticismo crítico desses estudiosos influenciou de tal maneira os seminários que introduziu na Igreja de Cristo uma semente que produziu seu fruto amargo: um Evangelho e um Cristo, fruto da imaginação da Igreja, e que, portanto não tinham. poder, vitalidade nem respostas para as questões humanas. Resultado: igrejas esvaziadas por toda a Europa, em uma geração.

Queira Deus guardar as igrejas brasileiras dessas pessoas, e firmá-las cada vez mais no Senhor Jesus Cristo, fielmente retratado nas páginas dos Evangelhos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A Soberania de Deus Remove a Vanglória - Charles Spurgeon

 

A Soberania de Deus Remove a Vanglória

 

Charles Haddon Spurgeon


C.H. Spurgeon (1834-1892) era pregador, autor e editor britânico. Foi pastor do Tabernáculo Batista Metropolitano, em Londres, desde 1861 até a data de sua morte. Fundou um seminário, um orfanato e editou uma revista mensal chamada “Sword na Trowel”. Conhecido como “Príncipe dos Pregadores”, Spurgeon escreveu muitos livros e artigos, particularmente na área devocional. Deixou um legado de vida piedosa, marcada por um profundo amor ao Senhor Jesus Cristo e por dedicados esforços ara alcançar almas perdidas.


Nessas palavras, o Senhor reivindica, da forma mais clara possível, o direito de outorgar ou reter sua misericórdia, de conformidade com sua própria vontade. Assim como um monarca está investido da prerrogativa de conceder vida ou morte, assim também o Juiz de toda a terra tem o direito de poupar ou condenar o culpado, conforme Lhe parecer melhor.

Os homens, por causa de seus pecados, perderam todo o direito diante de Deus e, portanto, merecem a perdição eterna. E, se todos eles buscarem seus direitos na presença dEle, não encontrarão qualquer fundamento para suas reivindicações. Se o Senhor age para salvar alguém, Ele o faz de modo que os objetivos de sua justiça não sejam distorcidos. No entanto, se Ele acha melhor deixar os condenados sofrerem a justa sentença, ninguém pode chamá-Lo a juízo. Tolos e imprudentes são todos os discursos que se referem aos direitos dos homens serem colocados na mesma condição diante de Deus. Ignorantes, se não forem algo pior, são as contenções contra a graça discriminadora de Deus; tais contenções expressam a rebeldia da natureza humana orgulhosa contra o trono e a autoridade de Jeová.

Quando Deus nos mostra nossa ruína completa, nosso infeliz merecimento e a justiça do veredicto divino contra o pecado, nunca mais contestamos a verdade de que o Senhor não tinha qualquer obrigação de salvar-nos; não murmuramos diante do fato de que Ele resolveu salvar outros, como se estivesse nos causando dano, mas sentimos que, se Ele desejou volver-se para nós, isso foi um ato espontâneo de bondade imerecida da parte dEle, pelo que bendiremos para sempre o seu nome.

Como poderão aqueles que são objeto da divina eleição adorar de forma suficiente a graça de Deus? Eles não têm motivo para se gloriarem, pois a soberania divina exclui com eficácia qualquer motivo. Somente o Senhor deve ser glorificado; a própria noção do mérito humano será lançada na vergonha eterna. Nas Escrituras, não existe uma doutrina que seja mais humilhante ao homem do que a da eleição; uma doutrina que mais promova a gratidão e, conseqüentemente, seja mais santificadora. Os crentes não devem temê-la, e sim regozijarem-se nela, em adoração.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ANIVERSÁRIO DA REFORMA PROTESTANTE - 494 ANOS


Nos dias 30 e 31 de Outubro de 2011 as Igrejas Presbiterianas em diferentes localidades do Brasil celebram cultos de ação de graças pelos 494 anos de Reforma Protestante.


De acordo com o historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil, rev. Alderi Matos, a Reforma Protestante foi um movimento renovador. “Esse movimento foi ocorrido no cristianismo europeu do século 16 conclamando a igreja a retornar aos seus fundamentos bíblicos e neotestamentários dos quais ela havia se afastado ao longo dos séculos”.

Para os presbiterianos, relembrar esse importante momento histórico é uma forma de agradecer a Deus por sua ação em favor dos cristãos, pois, a  “Reforma deu origem às igrejas protestantes históricas, entre as quais a presbiteriana, que desde então tem se inspirado nos grandes princípios e verdades anunciados pelos reformadores e seus sucessores”, explicou rev. Alderi.


Os cultos deste ano em algumas igrejas, ocorrem no domingo (30) e na segunda-feira (31) que é a data oficial de comemoração.

“A recordação da Reforma é essencial porque nela estão os grandes fundamentos bíblicos e doutrinários que sustentam a nossa fé, sintetizados nos grandes lemas dos reformadores: Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fides, Solo Christo, Soli Deo Gloria e o Sacerdócio de Todos os Crentes”, afirma rev. Alderi.


Para rev. Alderi, a realização de cultos é importante para manifestar a gratidão a Deus.  “A Reforma é um grande motivo de louvor e gratidão a Deus, e nada melhor para isso do que realizar cultos, nos quais a obra dos reformadores é objeto de ação de graças e a mensagem dos reformadores é mais uma vez anunciada ao povo de Deus”, conclui.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A ÚLTIMA CARTA DE UM SOLDADO - John Randon


A Última Carta de um Soldado

John Randon

Um soldado mortalmente ferido na Batalha de Bunker’s Hill (1775), durante a Guerra da Independência Americana, escreveu à sua esposa na Inglaterra, pouco antes de morrer, a seguinte carta:
Meu querido amor,
Antes que recebas estas linhas, a morte cruel já me terá varrido do palco da vida. Nunca mais repousarás nestes braços; nem estes olhos, que agora mergulham nas sombras da morte, poderão vislumbrar tua gentil figura ou encher-se de encantamento, ao contemplar-te em companhia de nossos queridos filhos.
Ontem, entramos em obstinado e sangrento combate, onde muitos dos nossos foram feridos ou mortos. Recebi dois balaços, um na virilha e outro no peito. Estou tão fraco com a perda de sangue, que mal posso escrever-te estas poucas linhas, último tributo de meu amor imutável por ti. O cirurgião informou-me que três horas são o máximo que poderei sobreviver.
Quando viajava da Inglaterra para a América dispus-me a ler a Bíblia, por ser esse o único livro que possuía. Pela doce atração de sua graça, o Onipotente Pai de toda a humanidade se deleitou em atrair meu coração a Ele mesmo, iluminando, para isso, a minha mente.

Em nosso regimento, havia um cabo que professava a verdadeira fé cristã. Eu não tinha conhecimento de sua existência, até certa noite em que, através de oração fervorosa, pedi a Deus que me guiasse pelos caminhos da paz. Enquanto dormia, sonhei com esse homem e me dirigi a ele, chamando-o pelo nome, que era Samuel Pierce. O sonho impressionou-me tanto, que na manhã seguinte procurei informar-me se no regimento havia alguém com esse nome; e, atônito, fui encontrá-lo. Contei-lhe meu sonho, que o agradou muito. Nasceu entre nós uma forte amizade, e logo ele se deleitava em contar-me do grande amor de Deus pelos homens, em ter dado seu filho Jesus Cristo para derramar o seu sangue e morrer pela humanidade. Ele desvendou, diante de mim, os mistérios da salvação, a natureza do novo nascimento, a grande necessidade de santidade de coração e vida; e, resumindo, tornou-se meu pai espiritual. A ele, pela graça de Deus, devo todo o bem que conheço. Meu querido amor, desejo que conheças este abençoado modo de vida.
Logo que aportamos, aprouve a Deus falar de paz ao meu coração. Oh! Que encantamento, que alegria perene senti, através do sangue do Cordeiro! Agora, anseio contar ao mundo inteiro o que Jesus fez por mim. E como desejo, com grande ardor, meu bem, ser capaz de levar-te a sentir e conhecer o amor de Deus em Cristo Jesus! Daria o mundo para estar contigo e informar-te sobre a pérola de grande preço.
Meu querido amor, como não nos veremos mais neste vale de lágrimas, deixa-me expor-te este último desejo: se algum dia fui querido por ti, suplico-te que não negligencies este último conselho de teu marido, que está morrendo, isto é: rende-te a Deus. Lê a Bíblia e bons livros, freqüenta os cultos de um povo chamado evangélico; e que Deus te guie em seus caminhos.
Esforça-te por criar nossos filhos no temor do Senhor. Não prendas o teu coração às coisas vãs e materiais deste mundo. O céu e o amor de Deus são as únicas coisas que demandam nosso coração e merecem possuí-lo.

És ainda jovem e não posso desejar que, estando eu frio debaixo da terra, não te cases novamente. Mas deixa-me dar-te um conselho: não te cases com alguém, por mais simpático ou rico que seja, que não ame e tema a Deus; esta é a única coisa necessária.
Fui um marido mau para ti, um filho desobediente para meus pais, um rebelde para Deus. Que Deus tenha misericórdia de mim, pecador! Morro em paz com todo o mundo. Morro na plena segurança da glória eterna. Mais uns momentos, minha alma se juntará às fileiras dos espíritos desencarnados, na grande assembléia da Igreja do Unigênito, que está estabelecida no céu. Meu único amor, eu te peço, eu te peço, eu te imploro, eu te suplico que venhas ter comigo no reino da glória! Ó! corre para os braços, uma vez ensangüentados, de Jesus. Clama por Ele, dia e noite, e Ele te ouvirá e te abençoará!
A vida de um soldado é sangue e crueldade; a de um marinheiro, perigo e morte. A vida de uma cidade é cheia de confusão e lutas; a vida de um país é carregada de labor e fadiga, porém, o maior de todos os males provém de nossa própria natureza pecadora. O mundo, por si mesmo, até agora, nunca tornou ninguém feliz. Somente Deus é a ventura de uma alma justa. Ele está presente em toda a parte, e a Ele temos livre acesso em todos os lugares. Aprendei, pois, queridos filhos, quando crescerdes, a procurar a felicidade permanente em Deus, através do Redentor Crucificado.
Meu querido amor, mais eu diria, porém a vida se me esvai. Meus sentimentos cessam de executar suas funções. Anjos de luz rodeiam a relva ensangüentada em que estou deitado, prontos a escoltar-me para os braços de meu Jesus. Santos curvados mostram-me minha brilhante coroa e acenam-me de longe. Sim, penso que meu Jesus me convida a ir. Adeus, adeus, querido amor.

John Randon

A CABANA - Estou postando mais um pouco sobre este livro que ainda no meio evangélico tem sido um sucesso.




A Cabana - A Perda da Arte de Discernimento Evangélico


Albert Mohler Jr.


Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.

O mundo editorial vê poucos livros atingirem o status de "sucesso". No entanto, o livro A Cabana, escrito por William Paul Yong, superou esse status. O livro, publicado originalmente pelo próprio autor e dois amigos, já vendeu mais de dez milhões de cópias e já foi traduzido para mais de trinta idiomas. É, agora, um dos livros mais vendidos de todos os tempos, e seus leitores estão entusiasmados.
De acordo com Young, o livro foi escrito originalmente para seus próprios filhos. Em essência, ele pode ser descrito como uma teodicéia em forma de narrativa – uma tentativa de responder à questão do mal e do caráter de Deus por meio de uma história. Nessa história, o personagem principal está entristecido por causa do rapto e do assassinato brutal de sua filha de sete anos, quando recebe aquilo que se torna uma intimação de Deus para encontrá-lo na mesma cabana em que a menina foi morta.
Na cabana, "Mack" se encontra com a Trindade divina, onde Deus, o Pai, é representado como "Papai", uma mulher afro-americana, e Jesus, por um carpinteiro judeu, e "Sarayu", uma mulher asiática, é identificada como o Espírito Santo. O livro é, principalmente, uma série de diálogos entre Mack, Papai, Jesus e Sarayu. As conversas revelam que Deus é bem diferente do Deus da Bíblia. "Papai" é absolutamente alguém que não faz julgamentos e parece determinado a afirmar que toda a humanidade já está redimida.
A teologia de A Cabana não é incidental à história. De fato, em muitos pontos a narrativa serve, principalmente, como uma estrutura para os diálogos. E estes revelam uma teologia que, no melhor, é não-convencional e, sem dúvida, herética em certos aspectos.
Embora o artifício literário de uma "trindade" não-convencional de pessoas divinas seja, em si mesmo, antibíblico e perigoso, as explicações teológicas são piores. "Papai" conta a Mack sobre o tempo em que as três pessoas da Trindade manifestaram-se da seguinte forma: "nós falamos com a humanidade através da existência humana como Filho de Deus". Em nenhuma passagem da Bíblia, o Pai ou o Espírito Santos é descrito como assumindo a forma humana. A cristologia do livro é confusa. "Papai" diz a Mack que, embora Jesus seja plenamente Deus, "ele nunca usou a sua natureza como Deus para fazer qualquer coisa". Eles apenas viveu do seu relacionamento comigo, da mesma maneira como eu desejo me relacionar com qualquer ser humano". Quando Jesus curou o cego, "Ele fez isso como um ser humano dependente que confiava em minha vida e poder para agir nele e por meio dele. Jesus, como ser humano, não tinha qualquer poder em si mesmo para curar alguém".
Embora haja muita confusão teológica a ser esclarecida no livro, basta dizer que a igreja cristã tem lutado por séculos para chegar a um entendimento fiel da Trindade, a fim de evitar esse tipo de confusão – reconhecendo que a fé cristã está, ela mesma, em perigo.
Jesus diz a Mack que ele é "o melhor caminho para qualquer ser humano se relacionar com Papai ou com Sarayu". Não é o único caminho, mas o melhorcaminho.
Em outro capítulo, "Papai" corrige a teologia de Mack afirmando: "Eu não preciso punir as pessoas pelos seus pecados. O pecado é a sua própria punição, que devora você a partir do interior. Não tenho o propósito de punir o pecado; tenho alegria em curá-lo". Sem dúvida, a alegria de Deus está na expiação realizada pelo Filho. No entanto, a Bíblia revela consistentemente que Deus é o Juiz santo e reto, que punirá pecadores. A idéia de que o pecado é a "sua própria punição" se encaixa no conceito do karma, e não no evangelho cristão.
O relacionamento do Pai com o Filho, revelado em textos como João 17, é rejeitado em favor de uma absoluta igualdade de autoridade entre as pessoas da Trindade. "Papai" explica que "não temos qualquer conceito de autoridade final entre nós, somente unidade". Em um dos mais bizarros parágrafos do livro, Jesus diz a Mack: "Papai é tão submisso a mim como o sou a ele, ou Sarayu a mim, ou Papai a ela. Submissão não diz respeito à autoridade e à obediência; é um relacionamento de amor e respeito. De fato, somos submissos a você da mesma maneira".
Essa hipotética submissão da Trindade a um ser humano – ou a todos os seres humanos – é uma inovação teológica do tipo mais extremo e perigoso. A essência da idolatria é a auto-adoração, e essa noção da Trindade submissa (em algum sentido) à humanidade é indiscutivelmente idólatra.
O aspecto mais controverso da mensagem de A Cabana gira em torno das questões do universalismo, da redenção universal e da reconciliação final. Jesus diz a Mack: "Aqueles que me amam procedem de todo sistema que existe. São budistas, mórmons, batistas, islamitas, democratas, republicanos e muitos que não votam ou não fazem parte de qualquer igreja ou de instituições religiosas". Jesus acrescenta: "Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero unir-me a eles em sua transformação em filhos e filhas de meu Papai, em meus irmãos e irmãs, meus amados".
Em seguida, Mack faz a pergunta óbvia: Todos os caminhos levam a Cristo? Jesus responde: "Muitos dos caminhos não levam a lugar algum. O que isso significa é que eu irei a qualquer caminho para encontrar vocês".
Devido ao contexto, é impossível extrair conclusões essencialmente universalistas ou inclusivistas quanto ao significado de Yong. "Papai" repreende Mack dizendo que está agora reconciliado com todo o mundo. Mack replica: "Todo o mundo? Você quer dizer aqueles que crêem em você, não é?" "Papai responde: "Todo o mundo, Mack".
No todo, isso significa algo bem próximo da doutrina da reconciliação proposta por Karl Barth. E, embora Wayne Jacobson, o colaborador de Young, tenha lamentado haver pessoas que acusam o livro de ensinar a reconciliação final, ele reconhece que as primeiras edições do manuscrito foram influenciadas indevidamente pela "parcialidade, na época," de Young para com a reconciliação final – a crença de que a cruz e a ressurreição de Cristo realizaram a reconciliação unilateral de todos os pecadores (e de toda a criação) com Deus.
James B. DeYoung, do Western Theological Seminary, um erudito em Novo Testamento que conheceu Young por vários anos, documenta a aceitação de Young quanto a uma forma de "universalismo cristão". A Cabana, ele conclui, "descansa sobre o fundamento da reconciliação universal".
Apesar de que Wayne Jacobson e outros se queixam daqueles que identificam heresia em A Cabana, o fato é que a igreja cristã tem identificado, explicitamente, esses ensinos como heresia. A pergunta óbvia é esta: por que tantos cristãos evangélicos parecem ser atraídos não somente à história, mas também à teologia apresentada na narrativa – uma teologia que, em vários pontos, está em conflito com as convicções evangélicas?
Os observadores evangélicos não estão sozinhos em fazer essa pergunta. Escrevendo em The Chronicle of High Education (A Crônica da Educação Superior), o professor Timothy Beal, da Case Western University, argumentou que a popularidade de A Cabana sugere que os evangélicos devem estar mudando a sua teologia. Ele cita os "modelos metafóricos não-bíblicos de Deus" no livro, bem como seu modelo "não-hierárquico" da Tridade e, mais notavelmente, "sua teologia de salvação universal".
Beal afirma que nada dessa teologia faz parte das "principais correntes teológicas evangélicas" e explica: "De fato, essas três coisas estão arraigadas no discurso teológico acadêmico radical e liberal dos anos 1970 e 1980 – que influenciou profundamente os feministas contemporâneos e a teologia da libertação, mas que, até agora, teve muito pouco impacto nas imaginações teológicas de não-acadêmicos, especialmente dentro das principais correntes religiosas".
Em seguida, ele pergunta: "O que essas idéias teológicas progressistas estão fazendo no fenômeno da ficção evangélica?" Ele responde: "Desconhecidas para muitos de nós, elas têm estado presente em muitos segmentos liberais do pensamento evangélico durante décadas". Agora, ele diz, A Cabanaintroduziu e popularizou esses conceitos liberais até entre as principais denominações evangélicas.
Timothy Beal não pode ser rejeitado como um conservador e "caçador de heresias". Ele está admirado com o fato de que essas "idéias teológicas progressistas" estão "se introduzindo aos poucos na cultura popular por meio de A Cabana".
De modo semelhante, escrevendo em Books & Culture (Livros e Cultura), Katharine Jeffrey conclui que A Cabana "oferece uma teodicéia pós-moderna e pós-bíblica". Embora sua principal preocupação seja o lugar do livro "num panorama literário cristão", ela não pôde evitar o lidar com a sua mensagem teológica.
Ao avaliar o livro, deve-se ter em mente que A Cabana é uma obra de ficção. Contudo, é também um argumento teológico, e isso não pode ser negado. Diversos romances notáveis e obras de literatura contêm teologia aberrante e heresia. A pergunta crucial é se as doutrinas aberrantes são características da história ou são a mensagem da obra. Em A Cabana, o fato inquietante é que muitos leitores são atraídos à mensagem teológica do livro e não percebem como ela conflita com a Bíblia em muitos assuntos cruciais.
Tudo isso revela um fracasso desastroso do discernimento evangélico. Dificilmente não concluímos que o discernimento teológico é agora uma arte perdida entre os evangélicos – e esse erro pode levar tão-somente à catástrofe teológica.
A resposta não é banir A Cabana ou arrancá-lo das mãos dos leitores. Não precisamos temer livros – temos de estar prontos para responder-lhes. Necessitamos desesperadamente de uma redescoberta teológica que só pode vir de praticarmos o discernimento bíblico. Isso exigirá que identifiquemos os perigos doutrinários de A Cabana. Mas a nossa principal tarefa consiste em familiarizar novamente os evangélicos com os ensinos da Bíblia sobre esses assuntos e fomentar um rearmamento doutrinário de cristãos evangélicos.
A Cabana é um alerta para o cristianismo evangélico. Uma avaliação como a que Timothy Beal ofereceu é reveladora. A popularidade desse livro entre os evangélicos só pode ser explicada pela falta de conhecimento teológico básico entre nós – um fracasso em entender o evangelho de Cristo. A tragédia de que os evangélicos perderam a arte de discernimento bíblico se origina na desastrosa perda do conhecimento da Bíblia. O discernimento não pode sobreviver sem doutrina.


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Traduzido por: Wellington Ferreira

Copyright:

© R. Albert Mohler Jr.

Traduzido do original em inglês: The Shack — The Missing Art of Evangelical Discernment.

www.albertmohler.com


O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.



terça-feira, 25 de outubro de 2011

NAMORO E CONTATO FÍSICO - Pr. Augustus Nicodemus Lopes

Oi, Maria do Socorro,

Fico feliz em saber que meu primeiro email ajudou você e o Cardoso a perceberem a importância da comunicação no namoro e como isto é importante como parte da preparação para o casamento.

Você pediu minha opinião sobre o contato físico no namoro. Tenho percebido que esta é uma área que provoca muitos problemas para os namorados cristãos. Beijos e abraços, depois de certos limites (que nem sempre são fáceis de colocar) despertam paixões e desejos que não devem ser satisfeitos no namoro, e que acabam levando os dois a passar dos limites. Não poucas vezes termina em relações sexuais no banco traseiro do carro, num motel ou na casa de alguém.

Como eu disse no email anterior, não há referências diretas na Bíblia ao namoro, uma vez que este tipo de relacionamento era completamente estranho para os israelitas e demais povos do Antigo Oriente. Todavia, encontramos vários principios na Palavra de Deus que podem nos ajudar nesta área. Menciono alguns aqui para vocês.

Primeiro, temos o princípio de não provocar ou despertar as paixões sexuais antes do tempo correto - que seria após o casamento. Veja o que Paulo escreveu aos crentes de Tessalônica:

3 Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; 
4 que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, 
5 não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; 
6 e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, 
7 porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. 
8 Dessarte, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo" (1Tess 4:3-8).

Paulo faz um contraste entre os que foram chamados por Deus para a santificação, e os gentios que estão cheios de desejos de lascívia. Nós devemos nos manter longe da impureza e manter nossos corpos no caminho da santificação.

Veja o que Paulo diz no versículo 6, sobre "não ofender e não defraudar o irmão". "Defraudar" significa privar alguém de alguma coisa de forma ilegal. No contexto, pode ser interpretado da seguinte maneira: quando provocamos pelo abuso do contato físico desejos que não podem ser satisfeitos de maneira legítima fora do casamento, estamos defraudando o namorado ou a namorada. E Deus se vinga destas coisas (versículo 7-8).

Segundo princípio: o sexo é para o casamento. Já escrevi vários posts sobre este assunto:
 Por favor, leia todos eles e medite nestas palavras de Paulo, que resumem bem este princípio:

1  Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher;
2 mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido. 
3 O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido (1Cor 7:1-3).

Aqui percebemos claramente que a solução para a "impureza" - que no contexto é claramente de natureza sexual - é o casamento. Mais adiante, neste mesmo capítulo, Paulo escreve:

8  E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. 
9 Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado 1Cor 7:8-9).

É a mesma coisa: quem não consegue dominar-se e vive queimando no fogo da paixão sexual, deve casar logo, pois somente no casamento é que se pode satisfazer esta paixão de maneira legítima.

Portanto, meu conselho a vocês dois é este:

  1. Não fiquem muito tempo sozinhos em lugar reservado;
  2. Não se vista de maneira a provocar e despertar o Cardoso;
  3. Aprenda a dizer "não," se ele começar a passar dos limites. Estes limites não são fáceis de colocar, mas um bom referencial é o que chamamos de "zona erógena," aquelas partes de nosso corpo, além dos órgãos genitais, que reagem prontamente ao contato e à carícia, provocando excitação sexual e todas as demais coisas que vêm junto com isto;
  4. Não coloco uma lista de regrinhas, mas o princípio de evitar todo contato que vai despertar sexualmente, provocar excitamento, e levar muito próximo da quebra das barreiras do recato, domínio próprio e vergonha.

É claro que você e Cardoso estarão indo na contramão do que os jovens de hoje pensam, se seguirem o que estou dizendo. Mas casar virgem não é vergonha alguma. A virgindade é colocada na Bíblia como símbolo da pureza da Igreja, a noiva de Cristo.

Espero ter ajudado.

Um abraço,
Augustus


extraído do blog http://tempora-mores.blogspot.com/2011/10/emails-jovem-crista-com-primeiro_22.html

Provérbios 12.9 - Uma meditação feita pelo Pr. Enrico Pasquini

Bom dia, queridos!

"Melhor é não ser ninguém e, ainda assim, ter quem o sirva, do que fingir ser alguém e não ter comida".

Uma das coisas que mais vemos são pessoas tentando impressionar as outras. A preocupação com a opinião dos outros é extrema. Cirurgias plásticas, produtos falsificados, documentação falsa, anabolizantes - essas e muitas outras coisas tem sido procuradas para maquear o que as pessoas realmente são. E a lista é interminável. O motivo? As pessoas querem se passar por alguém que não são para obter o "respeito" dos outros e não se sentirem rejeitadas.

Impressionante vermos a alegria de pessoas quando conseguem iludir outras a respeito do que são. Isso é, no mínimo, ridículo. E, pior do que isso: iludir pessoas para que elas tenham um conceito errado a seu respeito é mentira. E isso tem origem no Diabo (Jo 8.44). Isso mesmo! No Diabo.

Viver de máscaras é um ídolo cultivado a um preço EXTREMAMENTE caro. A pessoa se torna escrava (por escolha própria) de produtos e situações que lhe "ajudam" a impressionar os outros. E vai se afundando (inclusive financeiramente) na busca por um reconhecimento ilusório e temporário.

Felizmente, Deus usa Salomão para corrigir nosso foco. Deus não se importa com o exterior. Ele se interessa por integridade de coração e retidão de vida. Isso me lembra do que passou Davi, pai de Salomão, quando o profeta Samuel foi escolher o novo rei de Israel (1 Samuel 16). O profeta se impressionou com o filho mais velho de Jessé. Mas a resposta de Deus impressiona ainda mais: "Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração" (v. 7).

Viver buscando iludir o próximo ilude apenas aquele que vive assim. Nosso alvo de vida, como cristãos, é viver para glorificar a Deus (1 Co 10.31). As maravilhas de Deus são, sim, capazes de impressionar (sem iludir) os outros. E isto é o que devemos nos preocupar em passar aos outros - as maravilhas de Deus (especialmente o evangelho). Pensemos nisso!

Com carinho,

Enrico Pasquini

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A IGREJA ESTÁ CHEIA DE HIPÓCRITAS? - R. C. Sproul


A igreja está cheia de hipócritas?

Por R. C. Sproul


Há 30 anos, meu colega e amigo íntimo Archie Parrish, que naquela época liderava o programa de Evangelismo Explosivo (EE) em Fort Lauderdale, veio até mim com um pedido. Ele percebeu que, nas centenas de visitas evangelísticas feitas pelas equipes do EE, havia um registro das respostas que as pessoas davam nas discussões sobre o Evangelho. Eles coletaram as questões e objeções mais frequentes que as pessoas levantavam sobre a fé cristã, e agrupou essas perguntas ou questionamentos nas 10 mais frequentemente feitas. Dr. Parrish perguntou se eu poderia escrever um livro respondendo a essas objeções, para ser usado em sua missão. Esse esforço resultou no meu livro Objections Answered, agora entitulado Reason to Believe. Entre as 10 objeções mais levantadas estava a objeção de que a igreja está cheia de hipócritas. Naquela época, o Dr. D. James Kennedy a respondeu dizendo: “Bem, sempre há lugar pra mais um”. Ele alertou as pessoas que, caso encontrassem uma igreja perfeita, elas não deveriam congregá-la, pois isso a estragaria.

O termo hipócrita vem do mundo do teatro grego. Era usado para descrever as máscaras que os atores usavam ao dramatizar certos papéis. Ainda hoje, o teatro é simbolizado pelas máscaras gêmeas da comédia e da tragédia. Na antiguidade, certos atores atuavam em mais de um papel, e eles identificavam seu personagem ao segurar uma máscara em frente ao rosto. Essa é a origem do conceito de hipocrisia.

Mas a acusação de que a igreja está cheia de hipócritas é claramente falsa. Embora nenhum cristão alcance a medida perfeita da santificação nesta vida, e que nós todos lutemos com o pecado constantemente, isto não justifica o veredito de hipocrisia. Um hipócrita é alguém que faz coisas que ele afirma não fazer. Observadores externos da igreja cristã veem pessoas que professam ser cristãs e veem que elas pecam. Uma vez que veem o pecado na vida dos cristãos, se apressam em julgar que, portanto, esses cristãos são hipócritas. Se uma pessoa diz não ter pecado e então se mostra pecadora, certamente essa pessoa é hipócrita. Mas o simples fato de um cristão demonstrar que é pecador não o condena como hipócrita.

Essa lógica invertida funciona mais ou menos assim: Todos os hipócritas são pecadores. João é um pecador; portanto, João é um hipócrita. Qualquer pessoa que conheça as leis da lógica sabe que esse silogismo não é válido. Mas se simplesmente mudarmos a acusação de “a igreja está cheia de hipócritas” para “a igreja está cheia de pecadores”, aí seríamos rápidos em nos declarar culpados. A igreja é a única instituição que eu conheço que exige o reconhecimento de ser pecador para alguém tornar-se membro. A igreja está cheia de pecadores porque a igreja é o lugar onde pecadores que confessam seus pecados encontram redenção de seus pecados. Então, neste sentido, simplesmente porque a igreja está cheia de pecadores não se justifica a conclusão de que ela está cheia de hipócritas. Novamente: toda hipocrisia é pecado, mas nem todo pecado é o pecado da hipocrisia.

Quando observamos o problema da hipocrisia na época do Novo Testamento, vemos mais claramente expresso nas vidas daqueles que clamavam ser mais justos. Os fariseus eram um grupo de pessoas que, por definição, se enxergavam como separados da pecaminosidade normal das massas. Eles começaram bem, procurando uma vida de piedade e submissão devotadas à Lei do Senhor. Entretanto, quando seu comportamento falhou em alcançar seus ideais, eles começaram a abraçar o fingimento. Eles fingiam que eram mais justos do que eles eram. Usavam uma fachada externa de justiça, o que servia simplesmente para mascarar a corrupção radical de suas vidas.

Embora a igreja não esteja cheia de hipócritas, não há dúvidas de que a hipocrisia é um pecado que não está limitado ou restrito aos fariseus do Novo Testamento. É um pecado que os cristãos devem combater. Um alto padrão de comportamento reto e espiritual foi proposto para a igreja. Nós frequentemente somos envergonhados por nossas falhas em alcançar esses objetivos altos, e somos inclinados a fingir que alcançamos um ponto mais alto de justiça do que realmente conseguimos. Quando fazemos isso, colocamos a máscara de hipócrita e estamos debaixo do julgamento de Deus sobre esse pecado em particular. Quando nos encontramos enrascados neste tipo de fingimento, um alarme deve tocar em nossas mentes, a fim de que corramos de volta para a cruz e para Cristo, e entendamos onde nossa verdadeira justiça reside. Devemos encontrar em Cristo não uma máscara que esconde nossa face, mas um verdadeiro guarda-roupas, que são a Sua justiça. De fato, é somente debaixo da veste que é a justiça de Cristo, recebida pela fé, que qualquer um de nós pode ter esperança de permanecer diante de um Deus santo. Vestir pela fé os trajes de Cristo não é um ato de hipocrisia. É um ato de redenção.


extraído do blog
http://todahelohim.blogspot.com

domingo, 14 de agosto de 2011

LI GOSTEI E RECOMENDO - Extraído do blog http://tempora-mores.blogspot.com


Para Quem Pensa Estar em Pé (I)


Faz alguns anos fui convidado para ser o preletor de uma conferência sobre santidade promovida por uma conhecida organização carismática no Brasil. O convite, bastante gentil, dizia em linhas gerais que o povo de Deus no Brasil havia experimentado nas últimas décadas ondas sobre ondas de avivamento. “O vento do Senhor tem soprado renovação sobre nós”, dizia o convite, mencionando em seguida o que considerava como evidências: o movimento brasileiro de missões, crescimento na área da ação social, seminários e institutos bíblicos cheios, o surgimento de uma nova onda de louvor e adoração, com bandas diferentes que “conseguem aquecer os nossos ambientes de culto”. O convite reconhecia, porém, que ainda havia muito que alcançar. Existia especialmente um assunto que não tinha recebido muita ênfase, dizia o convite, que era a santidade. E acrescentava: “Sentimos que precisamos batalhar por santidade. Por isto, estamos marcando uma conferência sobre Santidade...”

Dei graças a Deus pelo desejo daqueles irmãos em buscar mais santidade. Entretanto, por detrás dessa busca havia o conceito de que se pode ter um “avivamento” espiritual sem que haja ênfase em santidade! Parece que para estes irmãos — e muitos outros no Brasil — a prática dos chamados dons sobrenaturais (visões, sonhos, revelações, milagres, curas, línguas, profecias), “louvorzão”, ajuntamento de massas em eventos especiais, e coisas assim, são sinais de um verdadeiro avivamento. É esse o conceito de avivamento e plenitude do Espírito que permeia o evangelicalismo brasileiro em nossos dias. Parece que a atuação do Espírito, ou um avivamento, identifica-se mais com essas manifestações externas e com a chamada liberdade litúrgica, do que propriamente com o controle do Espírito Santo na vida de alguém, na vida da igreja, na vida de uma comunidade.

Lamentavelmente, os escândalos ocorridos nas igrejas vêm confirmar nosso entendimento de que em muitos ambientes evangélicos, a santidade de vida, a ética e a moralidade estão completamente desconectados da vida cristã, dos cultos, dos milagres, da prosperidade em geral.

Uma análise do conceito bíblico de santidade destacaria uma série de princípios cruciais, dos quais destaco alguns aqui (outros princípios serão mencionados num próximo post):

1) A santidade não tem nada a ver com usos e costumes. Ser santo não é guardar uma série de regras e normas concernentes ao vestuário e tamanho do cabelo. Não é ser contra piercing, tatuagem, filmes da Disney, a Bíblia na Linguagem de Hoje. Não é só ouvir música evangélica, nunca ir à praia ou ao campo de futebol e nunca tomar um copo de vinho ou uma cerveja. Não é viver jejuando e orando, isolado dos outros, andar de paletó e gravata. Para muitos, santidade está ligada a esse tipo de coisas. Duvido que estas coisas funcionem. Elas não mortificam a inveja, a cobiça, a ganância, os pensamentos impuros, a raiva, a incredulidade, o temor dos homens, a preguiça, a mentira. Nenhuma dessas abstinências e regras conseguem, de fato, crucificar o velho homem com seus feitos. Elas têm aparência de piedade, mas não tem poder algum contra a carne. Foi o que Paulo tentou explicar aos colossenses, muito tempo atrás: “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Colossenses 2.23).

2) A santidade existe sem manifestações carismáticas e as manifestações carismáticas existem sem ela. Isso fica muito claro na primeira carta de Paulo aos Coríntios. Provavelmente, a igreja de Corinto foi a igreja onde os dons espirituais, especialmente línguas, profecias, curas, visões e revelações, mais se manifestaram durante o período apostólico. Todavia, não existe uma igreja onde houve uma maior falta de santidade do que aquela. Ali, os seus membros estavam divididos por questões secundárias, havia a prática da imoralidade, culto à personalidade, suspeitas, heresias e a mais completa falta de amor e pureza, até mesmo na hora da celebração da Ceia do Senhor. Eles pensavam que eram espirituais, mas Paulo os chama de carnais (1Coríntios 3.1-3). As manifestações espirituais podem ocorrer até mesmo através de pessoas como Judas, que juntamente com os demais apóstolos, curou enfermos e ressuscitou mortos (Marcos 10.1-8). No dia do juízo, o Senhor Jesus irá expulsar de sua presença aqueles que praticam a iniqüidade, mesmo que eles tenham expelido demônios e curado enfermos (Mateus 7.22-23).

3) A santidade implica principalmente na mortificação do pecado que habita em nós. Apesar de regenerados e de possuirmos uma nova natureza, o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo poder do Espírito Santo. É necessário mais poder espiritual para dominar as paixões carnais do que para expelir demônios. E, a julgar pelo que estamos vendo, estamos muito longe de estar vivendo uma grande efusão do Espírito. Onde as paixões carnais se manifestam, não há santidade, mesmo que doentes sejam curados, línguas “estranhas” sejam faladas e demônios sejam expulsos. Não há nenhuma passagem em toda a Bíblia que faça a conexão direta entre santidade e manifestações carismáticas. Ao contrário, a Bíblia nos adverte constantemente contra falsos profetas, Satanás e seus emissários, cujo sinal característico é a operação de sinais e prodígios, ver Mateus 24.24; Marcos 13.22; 2Tessalonicenses 2.9; Apocalipse 13.13; Apocalipse 16.14.

4) O poder da santidade provém da união com Cristo. Ninguém é santo pela força de vontade, por mais que deseje. Não há poder em nós mesmos para mortificarmos as paixões carnais. Somente mediante a união com o Cristo crucificado e ressurreto é que teremos o poder necessário para subjugar a velha natureza e nos revestirmos da nova natureza, do novo homem, que é Cristo. O legalismo não consegue obter o poder espiritual necessário para vencer Adão. Somente Cristo pode vencer Adão. É somente mediante nossa união mística com o Cristo vivo que recebemos poder espiritual para vivermos uma vida santa, pura e limpa aqui nesse mundo. É mais difícil vencer o domínio de hábitos pecaminosos do que quebrar maldições, libertar enfermos, e receber prosperidade. O poder da ressurreição, contudo, triunfa sobre o pecado e sobre a morte. Quando “sabemos” que fomos crucificados com Cristo (Romanos 6.6), nos “consideramos” mortos para o pecado e vivos para Deus (Romanos 6.11), não permitimos que o pecado “reine” sobre nós (Romanos 6.12) e nem nos “oferecemos” a ele como escravos (Romanos 6.13), experimentamos a vitória sobre o pecado (Romanos 6.14). Aleluia!

5) A santidade é progressiva. Ela não se obtém instantaneamente, por meio de alguma intervenção sobrenatural. Deus nunca prometeu que nos santificaria inteiramente e instantaneamente. Na verdade, os apóstolos escreveram as cartas do Novo Testamento exatamente para instruir os crentes no processo de santificação. Infelizmente, influenciados pelo pensamento de João Wesley – que noutros pontos tem sido inspiração para minha vida e de muitos outros –, alguns buscam a santificação instantânea, ou a experiência do amor perfeito, esquecidos que a pureza de vida e a santidade de coração são advindas de um processo diário, progressivo e incompleto aqui nesse mundo.

6) A santificação é um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo. Deus escolheu um povo para que fosse santo. O alvo da escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios 1.4). Deus nos escolheu para a salvação mediante a santificação do Espírito (2Tessalonicenses 2.13). Fomos predestinados para sermoas conformes à imagem de Jesus Cristo (Romanos 8.29). Muito embora o verdadeiro crente tropece, caia, falhe miseravelmente, ele não permanecerá caído. Será levantado por força do propósito de Deus, mediante o Espírito. Sua consciência não vai deixá-lo em paz. Ele não conseguirá amar o pecado, viver no pecado, viver na prática do pecado. Ele vai fazer como o filho pródigo, “Levantar-me-ei e irei ter com o meu Pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15.18). Ninguém que vive na prática do pecado, da corrupção, da imoralidade, da impiedade, – e gosta disso – pode dizer que é salvo, filho de Deus, por mais próspero que seja financeiramente, por mais milagres que tenha realizado e por mais experiências sobrenaturais que tenha tido.

Estava certo o convite que recebi naquele dia: precisamos de santidade! E como! E a começar em mim. Tenha misericórdia, ó Deus!